No mercado brasileiro, à semelhança do que  já sucedeu em outras latitudes, assiste-se a uma progressiva  universalização do crédito. No caso do mercado imobiliário, o montante  total financiado no país bate novos recordes a cada trimestre, os prazos  de financiamento estendem-se a 30 anos, o percentual do empréstimo já  bate nos 80% do preço do imóvel (em alguns casos chega mesmo à totalidade) e  construtoras que financiam diretamente possibilitam mesmo pagar o valor de entrada em até 10 vezes no cartão de crédito.
            Chegamos assim a uma situação impensável há  poucos anos: o cidadão comum pode assinar a escritura de compra  do seu imóvel sem ter que meter a mão no bolso. O critério que  orienta a compra deixa de ser o valor da etiqueta com o preço e passa a  ser o montante da parcela mensal a ser paga. Ante a perspetiva de uma  casa nova, a pergunta a ser feita deixa de ser “será que tenho o  suficiente para comprar?” para passar a algo como “será  que terei todos os meses o  suficiente para conseguir mantê-la?“.
              Nesta nova realidade, o custo do imóvel  passa a ser o valor da prestação mensal do financiamento acrescida dos  demais encargos mensais como o seguro obrigatório, condomínio, contas de  água, luz, etc.  Assim, dois imóveis com o mesmo preço de venda e  financiados nas mesmas condições podem, no entanto, ter custos bem  diferentes dependendo de como o projeto arquitetônico de cada um tratou  temas como eficiência energética, racionalização do consumo de água ou  simplicidade de manutenção.
Em um mercado imobiliário em que a grande  maioria ainda projeta e constrói com foco na venda e não na futura  utilização do imóvel, unidades menos gastadoras ganham uma clara  vantagem competitiva que poderá se acentuar se se confimarem as  projeções para os próximos anos de elevação de preços de água e  eletricidade acima da inflação.
 
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